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VÊNUS (2) - ZaunköniG - 21.10.2012 VÊNUS I À flor da vaga, o seu cabelo verde, Que o torvelinho enreda e desenreda... O cheiro a carne que nos embebeda! Em que desvios a razão se perde! Pútrido o ventre, azul e aglutinoso, Que a onda, crassa, num balanço alaga, E reflui (um olfato que se embriaga) Como em um sorvo, murmura de gozo. O seu esboço, na marinha turva... De pé flutua, levemente curva; Ficam-lhe os pés atrás, como voando... E as ondas lutam, como feras mugem, A lia em que a desfazem disputando, E arrastando-a na areia, co'a salsugem. VÊNUS II Singra o navio. Sob a água clara Vê-se o fundo do mar, de areia fina... - Impecável figura peregrina, A distância sem fim que nos separa! Seixinhos da mais alva porcelana, Conchinhas tenuemente cor de rosa, Na fria transparência luminosa Repousam, fundos, sob a água plana. E a vista sonda, reconstrui, compara, Tantos naufrágios, perdições, destroços! - Ó fúlgida visão, linda mentira! Róseas unhinhas que a maré partira... Dentinhos que o vaivém desengastara... Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos... |