CABELOS ... (7) - Druckversion +- Sonett-Forum (https://sonett-archiv.com/forum) +-- Forum: Sonett-Archiv (https://sonett-archiv.com/forum/forumdisplay.php?fid=126) +--- Forum: Sonette aus romanischen Sprachen (https://sonett-archiv.com/forum/forumdisplay.php?fid=857) +---- Forum: Portugiesische Sonette (https://sonett-archiv.com/forum/forumdisplay.php?fid=823) +----- Forum: João da Cruz e Souza (https://sonett-archiv.com/forum/forumdisplay.php?fid=1156) +----- Thema: CABELOS ... (7) (/showthread.php?tid=18562) |
CABELOS ... (7) - ZaunköniG - 13.05.2010 CABELOS I Cabelos! Quantas sensações ao vê-los! Cabelos negros, do esplendor sombrio, Por onde corre o fluido vago e frio Dos brumosos e longos pesadelos... Sonhos, mistérios, ansiedades, zelos, Tudo que lembra as convulsões de um rio Passa na noite cálida, no estio Da noite tropical dos teus cabelos. Passa através dos teus cabelos quentes, Pela chama dos beijos inclementes, Das dolências fatais, da nostalgia... Auréola negra, majestosa, ondeada, Alma da treva, densa e perfumada, Lânguida Noite da melancolia! OLHOS II A Grécia d'Arte, a estranha claridade D'aquela Grécia de beleza e graça, Passa, cantando, vai cantando e passa Dos teus olhos na eterna castidade. Toda a serena e altiva heroicidade Que foi dos gregos a imortal couraça, Aquele encanto e resplendor de raça Constelada de antiga majestade, Da Atenas flórea toda o viço louro, E as rosas e os mirtais e as pompas d'ouro, Odisséias e deuses e galeras... Na sonolência de uma lua aziaga, Tudo em saudade nos teus olhos vaga, Canta melancolias de outras eras!... BOCA III Boca viçosa, de perfume a lírio, Da límpida frescura da nevada, Boca de pompa grega, purpureada, Da majestade de um damasco assírio. Boca para deleites e delírio Da volúpia carnal e alucinada, Boca de Arcanjo, tentadora e arqueada, Tentando Arcanjos na amplidão do Empírio, Boca de Ofélia morta sobre o lago, Dentre a auréola de luz do sonho vago E os faunos leves do luar inquietos... Estranha boca virginal, cheirosa, Boca de mirra e incensos, milagrosa Nos filtros e nos tóxicos secretos... SEIOS IV Magnólias tropicais, frutos cheirosos Das árvores do Mal fascinadoras, Das negras mancenilhas tentadoras, Dos vagos narcotismos venenosos. Oásis brancos e miraculosos Das frementes volúpias pecadoras Nas paragens fatais, aterradoras Do Tédio, nos desertos tenebrosos... Seios de aroma embriagador e langue, Da aurora de ouro do esplendor do sangue, A alma de sensações tantalizando. Ó seios virginais, tálamos vivos Onde do amor nos êxtases lascivos Velhos faunos febris dormem sonhando... MÃOS V Ó Mãos ebúrneas, Mãos de claros veios, Esquisitas tulipas delicadas, Lânguidas Mãos sutis e abandonadas, Finas e brancas, no esplendor dos seios. Mãos etéricas, diáfanas, de enleios, De eflúvios e de graças perfumadas, Relíquias imortais de eras sagradas De amigos templos de relíquias cheios. Mãos onde vagam todos os segredos, Onde dos ciúmes tenebrosos, tredos, Circula o sangue apaixonado e forte. Mãos que eu amei, no féretro medonho Frias, já murchas, na fluidez do Sonho, Nos mistérios simbólicos da Morte! PÉS VI Lívidos, frios, de sinistro aspecto, Como os pés de Jesus, rotos em chaga, Inteiriçados, dentre a auréola vaga Do mistério sagrado de um afeto. Pés que o fluido magnético, secreto Da morte maculou de estranha e maga Sensação esquisita que propaga Um frio n'alma, doloroso e inquieto... Pés que bocas febris e apaixonadas Purificaram, quentes, inflamadas, Com o beijo dos adeuses soluçantes. Pés que já no caixão, enrijecidos, Aterradoramente indefinidos Geram fascinações dilacerantes! CORPO VII Pompas e pompas, pompas soberanas Majestade serene da escultura A chama da suprema formosura, A opulência das púrpuras romanas. As formas imortais, claras e ufanas, Da graça grega, da beleza pura, Resplendem na arcangélica brancura Desse teu corpo de emoções profanas. Cantam as infinitas nostalgias, Os mistérios do Amor, melancolias, Todo o perfume de eras apagadas... E as águias da paixão, brancas, radiantes, Voam, revoam, de asas palpitantes, No esplendor do teu corpo arrebatadas! |